Olho clínico
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Professora
Um dia curiei a ficha médica e foi mais ou menos isto que vi:
Rinite e sinusite alérgicas, bruxismo, braquicardia, tireoidismo, hipoglicemia.
Faltam dois molares. Estrabismo e astigmatismo leves.
Prejuízo nos vasos perfurantes que não se comunicam com os comunicantes.
Assimetria acentuada nos pés e no seio.
Partos: fórceps e natural.
Quando em estado de tristeza profunda ocorre erupção cutânea na região do tronco e do pescoço, alega, portanto, que seu corpo é quem chora.
Cicatrizes no abdômen por conta de vaidade exacerbada. Cicatrizes mais espessas, além derme, imperceptíveis ao exame clínico de tão profundas que são. Causa provável: orgulho aflorado.
Diagnóstico final:
Nem tango argentino dá jeito.
Olho clínico de Arlete Mendes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported. Based on a work at www.aspirinasurubus.blogspot.com.
A primeira associação que fiz do seu texto (sem jamais desmerecê-lo, claro) foi com uma música antiga de funk carioca. Quando você vir, vai me entender também: http://letras.terra.com.br/os-cacadores/395648/
ResponderExcluirTexto irreverente e ultramoderno. Adorei a forma divertida com que tratou o universo dos prontuários médicos... mas olha, um tango argentino cai bem até na hora da morte..ai,ai,ai, quem me dera um agora..rs.
ResponderExcluirbs prima linda!
reina.
Arlete, esse é um dos seus textos que mais gosto. Quando você escreve me desconcentra, aí quero rasgar algumas coisas que fiz... quero essa simplicidade e essa ousadia... muito bom.
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