A voz do silêncio

Giorgio de Chirico, Donna bionda di spalle, 1930 circa


Professora

Por quem chamar quando é sozinho que se quer estar?
O que falar quando nada se tem a dizer?
Que canção tocar quando a melodia se nega a soar?
O que recitar quando os versos brancamente se soltam da estrofe?
Aonde ir quando a alma se encontra perdida em pleno deserto de emoções?
Que palavras usar para proclamar o que não se sabe?
Como expor pensamentos que navegam sem destino por mares de incertezas?
De que maneira se pode dizer o que não se sente?
Em qual dicionário moram os verbetes que traduzem o ocaso de um coração vazio?
Para que revelar a amarelada fotografia de sentimentos passados?
O que ler nas mãos que nos ofertam o futuro?
Para que transpor a fortaleza silenciosa da solidão?
Por que não apenas ouvir o grito ensurdecedor do silêncio?
Como se desenha os sons que silenciam a surdez do calar?
Por que proclamar nossos desejos se cada um ouve apenas o que quer?
Que respostas oferecer a tantas perguntas que batem à porta?
Qual a razão de falar?
Por qual motivo dizer?
Para que gritar?
Há palavras que só em silêncio se pode pronunciar!

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A voz do Silêncio de Rokatia Kleania e licenciado soluço UMA Licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada uma Criação de Obras derivadas 3.0 Unported . 
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Comentários

  1. “As inúmeras sensações do texto me fazem lembrar dos períodos “desertos” da vida, quando não amamos.

    Não ser amada é ruim, amar e não ser correspondida também, mas os períodos mais desertos da alma humana são quando não amamos.
    Sejam os falsos amores ou as paixões pretensas, mesmo com as desilusões que causam, seja o amor verdadeiro, eu sinto que nenhum ser pode estar pleno sem amar.
    Amando é que nos sentimos menos só.
    O amor as vezes dói, mas é ele que nos faz companhia.
    Enfim, divagações causadas por mais esta bela construção literária de nossa Aspirina, que perfeita nos leva por um mar de emoções.
    Este é mais um texto que eu gostaria de ter escrito.
    Boa noite, flor.”

    Eliana Klas

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  2. Tantas perguntas para uma única conclusão.Viver a vida e deixar que ela nos guie nos caminhos tortuosos do amor. beijos

    Augusto Néo

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  3. "Há palavras que só em silêncio se pode pronunciar!"
    Pense, foi exatamente assim que seu texto me deixou. Fiquei num estado de contemplação e reflexão. Questionador. Texto carregado de lirismo e universalidade. Gostei muito, fessora!
    Abração!
    Regiane,

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  4. A dor o pesar de ser. Ser um eu sem um outro. Triste. Desolador, pois só somos qdo nos vemos em outro....
    Poetico, tocante

    bj enorme
    Prima ASS
    lete

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  5. "Por quem chamar quando é sozinho que se quer estar?"

    Logo de cara encontro minha frase no texto. Já valeu a partir do início!

    E foi com um grande amor que aprendi que os melhores diálogos são travados no silêncio.

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