Ainda sobre crônicas e bicicletas


Tati Pedra


Professora

Dia desses visitei minha amiga Cida. Cida é minha memória externa. Inevitavelmente quando nos conectamos tenho acesso a uma porção de dados que dava como perdidos. Cida é uma figura humana, muito humana, por isto: única.
No vai-e-vem das conversas. Casamento. Filhos. Separação. Se outrora chegamos a dividir o mesmo namoradinho, agora dividimos o mesmo advogado. Enrolados, claro, são homens. Durante esta observação, dada minha fixação por bicicletas, lembrei-me de que na mesma época Cida quis me ensinar a andar de bicicleta. A boa vontade era tamanha. Pegou a bicicleta da vizinha, me aprumou em cima da magrela e falou para eu movimentar os pedais. Foi me segurando.
Início de rua. Conversávamos sobre meninos. Era sempre o assunto da vez. Ela, esperta, me entretinha.
Pedalando, mais equilíbrio.
Não sei bem porque, mas os idiotas não nos escolhiam. Eram uns burros! A garota abundante detinha todos os olhares.
Fim de rua. Ops, quase caí. Cida prometeu não me largar.
Tá bom. Estava confiante agora.
Início de rua.  Meninos: verdadeiros atropelos em nossas vidas. Foi quando pedi a opinião sobre um dito cujo.
Cida, Cida, Cidaaaaaaaaaaaa ...
Saltei da bicicleta, a coitada foi parar na outra esquina. Fomos resgatar a magrela desgovernada. A vizinha nunca soube. Rimos bastante, mas, antes, dei uns safanões na Cida por ter me abandonado na hora errada. Largamos a bicicleta de lado e continuamos o papo sobre meninos.

 Licença Creative Commons
Ainda sobre crônicas e bicicletas de Arlete Mendes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported. Based on a work at www.aspirinasurubus.blogspot.com.

Comentários

  1. “hahahahaha...

    Não contive o riso: então até disto vamos culpar os pobrezinhos dos homens???



    Agora entendi o motivo desta aspirina também não pedalar!



    Rio até hoje quando lembro de minha alegria ao descobrir que eu não sou a única das ASS a não pedalar!

    Ainda vamos, já disse, velhinhas, pedalarmos juntas em algum parque de Sampa ou do Nordeste!

    Pode apostar, e a Cida, vai morrer de inveja!



    Crônica com gosto de saudade.

    Alegre, leve, pura!”
    Klas

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  2. Quanto mais te leio, mas te gosto. Crônica rápida, divertida e saborosa. Acho até que vc poderia ampliar o rol das bicicletas e fazer um livro de crônica só sobre este fato inusitado. olha que muitos vão se identificar com eles... inclusive eu, rsrsr.
    amei!Bjs linda!

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