Pedaços
Professora
Na calada da noite... os gritos. Não há motivos concretos, simplesmente, se digladiam. Como feras, expõem suas garras e estraçalham a epiderme que lhes cobrem os ossos. Pelo chão, as poças de sangue afogam os membros espalhados pela casa. As partes chagadas vão se agrupando e seus pedaços se confundem em um só. No meio da batalha, ainda lhes restam forças para cravar as unhas no peito do adversário e, espantosamente, cortam, em dois, o corpo que antes era prazer. Com o resto de ar que lhes sobra, devoram o coração um do outro e cospem, com amargor, o que sobrou dele. Depois da luta, sofreiam a fúria. Já cansados, começam a juntar suas peles, em estilhaços, e se lambuzam, embebidos de dor, no encarnado derramado pelos cantos que abrigam a sua insanidade...
Pedaços de Regiane S. Cabral de Paiva é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported. Based on a work at www.aspirinasurubus.blogspot.com.br
Rápido, curto e indolor. Um tiro seco na calada da noite. Sufocamento por asfixia. Pano enfiado na boca, mãos amarradas pra trás... seu texto é tudo isso.
ResponderExcluirRê,
ResponderExcluirDiferente de tudo já postado aqui, um tapa na cara da loucura que acerca "certos" casais...
Idem. Idem. Idem.
ResponderExcluirIdem ao Davi.
Escrever é ser capaz de desprender-se do leitor e mergulhar.
O leitor fará o mesmo caminho.
Talvez o leve para outro lugar.
O fundamental é o mergulho do escritor .
Bom mergulho para nós Reina. No escuro. Doloroso.
Parabéns.
Aspirina Klas.
Vejo aqui mais um fôlego da escritora que estamos para conhecer. Confesso que ela está sob pressão, mas como diz a música: na tortura, toda carne se trai, nesse caso, se revela e se encontra. A literatura é apenas mais um elemento orgânico de quem tem sensibilidade, quiçá de quem o é.
ResponderExcluirTodos os textos que tu escreves tÊm um quê de realidade, fuga, sonho, beleza, profundidade, riqueza, aspereza e doçura! Todos mostram o que é a vida de alguma forma, é impressionante como mostras isso, de um jeito bem sutil, mas o faz. Querida Regiane, li o texto, reli-o e quero parabenizar-te aqui pelo magnânimo estilo. Meus parabéns!!!
ResponderExcluirRozilene
To bege...aliás to sangrando..pousou um Augusto dos Anjos por aqui? Adoro esse q provocativo da linha tenue q separa a insanidade da loucura. Denso. Vibrante. Eloquente.
ResponderExcluirParabéns, prima!!!!
um xero
lete
correção: sanidade da loucura...rs
ResponderExcluirbj
Oi profesora parabéns pelo texto,porém foi um tanto denso,estimulante e sangrento um estilo diferente.Abraços. Lúcia Marques
ResponderExcluirBom experimentar essa face realista da nossa Rê. Apesar da aparentemente influência do Augusto dos Anjos, seu texto continua tendo uma pitada de doçura. Parabéns, querida. Bjos...
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