1 por 2. 2 por 3. 3 por 5
Foi logo quando comecei a trabalhar. A loja era perto de casa. Perto do tipo que dá pra vir almoçar, tirar um cochilo e voltar nas míseras duas horas de intervalo. Ia sempre pelo mesmo caminho. É sempre assim. Quando aprendo uma rota, só sei ir por ali. Centro. Calor. Gente suada, gritando. Olhos azuis. Parei. Quem suou fui eu. E frio. Prossegui meu caminho. Senti o peso dos olhos azuis durante o dia inteiro. Excitei-me só de pensar. De volta. 18 horas. Mesmo caminho. Sem olhos azuis. Uma pena. Novo dia, nova manhã. Vai ver foi um acaso. Um raio não cai duas vezes no mesmo canto. Cai. Cai com força. 40 anos mais ou menos. Queimado do sol. Careca. Olhos azuis. Azuis profundos. Profundos do tipo que a pessoa nem tem noção do poder que eles têm. Uma amiga minha uma vez me disse: “Mulher, não entendo você. Só tem atração por homem pobre. Vai morrer pobre também”. Não tenho culpa. Olhos azuis destroem. Corrompem. Aniquilam. Falo. Não falo. Não sou do tipo que ninguém repara. Tímida, meio...