Arlete Mendes Professora À Sueli Justino, a quem desejo a imortalidade... Para cada criança parece existir um tipo de medo. Medo muda muito de maneira, pode assumir qualquer forma. Luzia, como todas as crianças, tinha seu medo e, por ser como todas as meninas, só não tinha medo de ter medo. Assumia-o com toda coragem. O problema era que seu medo particular era um tanto quanto singular para uma criança. Tinha medo de morrer antes de virar gente grande. Por isso, nunca falava de morte...nunca! Nunca assistia a filmes de terror, nunca ouvia histórias de assombração, nunca abria os olhos no escuro. Ir a velórios ou a cemitérios, então, nem se fale. Nem passava perto de funerária ou IML. A menina evitava mesmo a morte. Aliás, ninguém falava sobre esse assunto. Pronto, não está mais aqui quem falou. Para se garantir, sempre que podia conferia o pulso, conferia o coração. Sabia se o coração parasse de bater, era sinal de que a “indesejada das gentes” havia chegado. Cruzes! Também, part...