Ser ou não ser...
Mini-saia cor de rosa. Espelho quebrado numa sexta-feira treze. Joanete no pé esquerdo. Choro de criança às 2 da manhã. Celular Nokia modelo 5310. Buzina de ônibus às 18hs. Gato que quer ser gente. Morte de um não sei quem. Trecho de uma canção. Pato presenteável. Os olhos azuis do cara da esquina. Aperto num vagão de trem. Visita à casa de uma amiga. Ver-se como frango de padaria. E por aí vai...
O fato, é que Machado de Assim em O nascimento da crônicame tranqüiliza muito no que diz respeito ao objeto da crônica. Trivialidades. Ponto. É certo que, no século XIX, ela surge na imprensa periódica para falar dos acontecimentos do dia a dia. E não é mesmo? Na verdade, acredito que ela nasça da necessidade de desenhar e contornar qualquer elemento que mereça relevância. Aos olhos de quem o vê, evidentemente. Um pontinho verde numa folha em branco pode ser muito mais que uma ervilha...
Como na crônica tudo pode, revelo que hoje me sinto um ácido acetilsalicílico: a famosa as-pi-ri-na. Como todo mundo sabe, este fármaco pertence ao grupo dos anti: antiinflamatório, antipirético e ainda serve como analgésico. Se observarmos o uso clínico, este ácido previne o enfarte do miocárdio, o crescimento da aterosclerose e a trombose arterial; por vezes, é usada na febre reumática e artrite reumatóide; também é utilizada no tratamento da dor devido ao câncer; na diabetes, diminui a formação de placa aterosclerótica; serve ao tratamento de mal de Alzheimer e enxaquecas e, para completar, estimula o me-ta-bo-lis-mo dos li-pí-dios. O que posso mais querer? O melhor de tudo, é que ela fica lá, guardadinha num local discreto e só aparece em caso de extrema necessidade. Ah, detalhe, todo mundo carrega uma na bolsa. E quando solicitada, resolve a parada! Dela, só não quero duas coisas: o formato e a cor. Ninguém merece!
É isso mesmo. Ser uma aspirina! Meu lema é: inibir, diminuir e estimular. Pois então! Inibir mal olhado; agouro de mulher frustrada; inveja de gente infeliz; crítica de mal amados; elogio feito de canto de boca; sugestões descabidas; abraço de gente falsa... Diminuir... as tensões do fim dia; o amontoado de tarefas; a lista do supermercado; o desespero da mãe ao telefone e as aflições de um marido estressado, etc, etc e tal ... Estimular... Uhmmmmm: que seja à vida! Ah, e outros detalhes que só cabem em meio aos lençóis...
Ser aspirina é isso... Melhor que ser gente.
Ser ou não ser... de Regiane Santos Cabral de Paiva é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Based on a work at www.aspirinasurubus.blogspot.com.
Regiane! Minha Aspirina Rainha!
ResponderExcluirClap, clap, clap. (isto ai são palmas!!!)
Perfeito! Não podiamos ter duas crônicas melhores para começar a semana! Primeiro o Jota, Urubu Mor,nos emociona com seu Urubu Zeca e agora minha Rainha me faz ser ainda mais Aspirina do que pensei ser!
O teu lema será meu também!
Viva os urubus! Viva as Aspirinas!
Beijos sudestinos.
Parabéns Regiane!! adorei o texto... :D beijocas
ResponderExcluirVocê foi muito feliz ao buscar em Machado o tema para a sua primeira crônica. Esse ato, mais do que sensível de alguém que conhece a formalidade dos textos, é um ato de humildade frente ao desafio. Não se começa sabendo de nada e beber dos melhores é uma obrigação. A relação da aspirina (fármaco) com as funções múltiplas de uma mulher foi uma grande sacada que agrada aos feministas de fachada como eu. A ironia dessa crônica me faz lembrar Hilda Hist com sua liberdade criadora e sua boca (leia-se dedos) para dizer (leia-se escrever) o que vinha à cabeça, embora de forma magistral. Como lhe conheço de matrimônio, sei que este não é o seu melhor estilo, por isso não me surpreenderei quando você começar a emocionar os nossos vários futuros leitores com a sua percepção de fêmea moderna e independente, que você, humildemente chama de “Amélia Vanguardista”. Beijos.
ResponderExcluirRegiane & Jotta Paiva (o "&" é já fazendo jus ao blogue), parabéns pelo Aspirinas & Urubus. Brilhante ideia. A web só tem a engrandecer com ela. Publiquei postagem hoje no meu blogue dando contas do espaço e já está o dito acrescentado à listagem de blogues e sites do Letras in.verso e re.verso. De novo, parabéns e é, sim, uma honra publicar e divulgar novidades do tipo.
ResponderExcluirÓtima leitura de Urubus e Aspirinas nesse blog vanguardista que promete emoções a cada novo conto. O jogo de palavras, quando bem construído, tem essa capacidade de emocionar. E, creio eu, teremos por aqui um recanto literário de discussão e emoção. Parabéns aos idealizadores desse belo projeto!
ResponderExcluirTentarei deixar de lado a afetação.rs
ResponderExcluirPrima Amada,
"Quando negamos a humanidade, na verdade, queremos reafirmá-la, ressignificá-la" ( Regiane Paiva).Olha, é "Melhor ser aspirina" mesmo! Porque estamos perdendo essa porção de acalanto, de apoio, de alívio. Entregar-se, diluir-se em favor do outro nunca foi uma tarefa fácil, mas atualmente é uma raridade, quase um milagre...
Sua personificação ASS me fez refletir sobre o poder alquímico desse ácido. Precisamos dessa porção corrosiva para transformar a matéria humana endurecida, petrificada há tempos de nós escondida.
Purifica-nos, ó, aspirina!
Amo-te
prima aspirina
Muito bem meu irmão!!! Adoro idéias Brilhantes, desejo muito sucesso para você e toda sua equipe, esse projeto de significativo cunho cultural merece grandioso destaque na mídia. Quando estiver por Assú visite nossa redação, tenho novidades...
ResponderExcluirO mundo precisa de mais aspirinas do tipo Regiane e urubus do tipo Paiva, certamente ficará um lugar bem melhor de se viver.
Saudações culturais!
Jeová Júnior Liberato
Jornalista da TVA
Regiane: parabéns pela iniciativa e pelo texto. Sebastian...
ResponderExcluirQuerida Rainha, você não imagina qual grande foi minha surpresa ao ler sua crônica. Não pela qualidade. Esta já era esperada vindo de você. Refiro-me ao tema "aspirina", pois um dos meus primeiros rabiscos crônicos aborda também essa temática. Lógico que não chega aos pés de tão belo e bem contruído texto. Mas só pela coincidência já valeu a pena.
ResponderExcluirUm aspirínico abraço.
oi amiga!
ResponderExcluirno diminuir você só esqueceu das contas, e quanto ao estimulo fiquei curiosa. kkkkkkkkkkk
Amiga seu texto ficou ótimo, a sua cara extrovertido, porém bem estuturado e fundamentado, ou seja, um tapa na cara para o bom entendedor. Adoreeeeeeeeeeei.
bjs no seu coração, minha linda.
Sheila Maria
parabéns adorei o as crÔnicas.
ResponderExcluirRegiane querida, adorei sua crônica.. Fiquei curiosa quanto ao estimulo...
ResponderExcluirParabéns!
Célia Fernandes
Esse blog engole meus comentários! ¬¬
ResponderExcluirMas enfim: tive a chance de ler em primeira mão e achei divertidíssimo. Bem a cara da minha amiga de grande sorriso e olhos brilhantes. Continue assim! É um prazer te ter como parceira nesse projeto tão maravilhoso!
olá linda!Adorei a Crônica,bem estruturada e muito boa para se fazer uma reflexão ao lê-la.Confesso q este texto realmente vale a pena ser lido,pois o leitor compreende facilmente,interage com a leitura que proporciona informações acerca de um assunto muito interessante,fiquei mais ligada nos efeitos da aspirina agora,me despertou mais curiosidades...rsrsrsrs Vc é demais parabéns pela iniciativa bjs e apareça quando poder p/ nos visitar.saúde( Núcleo da UERN/Apodi)
ResponderExcluirMinha amiga-aspirina, parabéns pela iniciativa de um blog de contos!! Devemos inibir, diminuir e estimular, cada coisa no seu momento certo, rsrsrs. Como tenho um pé nessas questões biológicas, adorei saber mais sobre as propriedades da aspirina também, :D!
ResponderExcluirbjs
Eita, professora.
ResponderExcluirO texto é bom. É crônica mesmo. Acho que a palavra "crônica" vem dessa mania de escrever que tem que escreve esse gênero. A coisa é mesmo "crônica". Boto fé que o blog vai que vai. E se depender dos textos... viiiix... tá bom demais, então.
=]