A lição da banana




Professora

Dia desses, enquanto estava me arrumando para ir a uma festa de aniversário, fui até a geladeira e procurei uma banana. Acredito que minha atitude foi uma resposta do inconsciente diante do ritual que meu pai aplicava ao meu irmão e a mim.
Meu velho não chegou a terminar o primeiro grau, hoje o fundamental II, mas sua postura conosco (os filhos) sempre foi a de nos conduzir a uma boa educação. “não peçam nada emprestado de ninguém; não durmam de pés sujos; peçam a benção aos parentes mais velhos; fechem a boca quando estiverem mastigando; não bulam em nada nas casas alheias”. Apesar dos mais de trinta anos que levo no corpo, não na alma, os dizeres de papai ainda ecoam cá no pé do ouvido.
Mas... o que tem isso a ver com a musa paradisíaca? Explico. Sempre que tínhamos uma festinha para ir, papai nos sentenciava: “Comam umas bananinhas antes da gente sair, porque não quero ver ninguém me fazendo vergonha!”. Mas, por que bananas? Nunca soube. O que eu sabia era sobre sua teoria: se já tivéssemos um pouco alimentados, não correríamos o risco de sair correndo desesperados atrás das bandejas como se não tivéssemos o que comer em casa. Eu detestava aquilo, comia a banana quase que empurrando goela abaixo. Mas, o que ele não entendia, era que as novidades sempre enchiam os olhos e nos despertava o apetite. O certo era que sua tática era infalível! Em compensação, nunca degustávamos de tudo. Também pudera! Nossa pança já estava parcialmente preenchida e, por mais que os olhos comessem os pratos coloridos, nada mais passava pelo esôfago.
Hoje eu não tinha bananas, mas comi algumas bolachinhas para garantir o equilíbrio da gula.

Comentários

  1. ei prof! legal a historinha da benana!!!seu pai sabe mesmo das coisas!!!

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  2. Você usou o lúdico como artifício para, com maestria de quem tem domínio das letras, construir a crônica perfeita da literatura contemporânea: curta, objetiva e redonda.

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  3. vc é demais!!!!!!!!!!!!!!
    te amo
    beijos; Sheila Maria

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  4. “Um dia ainda vou escrever assim!

    Curta, precisa, perfeita,

    reta e redonda como só a Mestre Regiane sabe ser!

    Salve a banana, e viva a sabedoria de raiz, de sangue, de gente que é gente!”
    Klas

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  5. Olá senhora Regiane. Olha esse texto nos leva a refletir sobre o ato de irmos a uma festa de aniversário, pois devemos sempre ter em mente que ao comparecermos numa festa de aniversário, precisamos eatar conscientes de que nossa presença naquele local é essencial para prestigiar o aniversariante e não para satisfazer nossa gula. Excelente texto, um abraço e tudo de bom...

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